quinta-feira, 1 de março de 2012

Da vida quotidiana

Sabem aquele mini ataque cardíaco naquele milissegundo em que ainda estão em desequilíbrio, com um pé no ar, à espera de perceber se se vão estatelar no chão à frente de uma dúzia de pessoas ou se acabaram apenas de fazer uma figura incrivelmente triste? Pronto. Esse. Vou começar pelo princípio...

Em Julho do ano passado, uns senhores muito agradáveis e diligentes vieram bater aqui à porta para entregar um aviso e explicar que iam ser feitas obras aqui na rua para instalar gás natural. Resumidamente, que em Agosto iam rebentar com a rua toda para meter as ditas canalizações, sendo que a obra ia impedir que se circulasse na rua durante quinze dias. 'Boa', pensei eu, 'Vivemos num país altamente civilizado e, preocupados em perturbar o menos possível o comércio e os serviços aqui na zona, vão fazer isto em Agosto. Clap, clap para os senhores da câmara ou do gás ou lá o que é.'

Ora, em Agosto, eu fico aqui a trabalhar praticamente sozinha. Todos os dias saía para almoçar e pensava 'então e as obras?'. Agosto passou, passaram-se mais uns meses e, um belo dia de Janeiro...

TATATATATATARATATATATARATATATATARATATATATA.

Pronto, pronto. As obras têm de ser feitas. É mesmo assim.

TATARATATATARATATA. TATARATATA. TATARA. TA. TA.

Seja...

TATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATA.

E... duas semanas mais tarde....

TATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATA.

Nãaaaaaaooooooo!!! Porquê?! Porquê??? Chegaaaaaa!

Depois respirei fundo e larguei o cabelo - afinal estavam todos a olhar para mim, estagiário incluído.

Resumindo e concluindo. A rua esteve fechada mais de um mês. Há pessoas aqui presentes que podem atestar que, mesmo quando reabriu, estava intransitável. Mais uns TATARATATA e um cheiro do alcatrão que não se aguenta e a coisa compôs-se.

Ah..... mas esperem. Depois foi preciso arranjar o passeio.

TATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATATATARATATATARATATA.

A mesma música. 8 horas por dia. 5 dias por semana (pelo menos...).

Ok, ok. O passeio está... coiso. Agora é só pôr o cimento e acabou. Uff! Finalmente!

Ontem saímos para almoçar e eu, como sempre, fui a última a descer as escadas e, por isso, a fechar a porta.  Dou por mim no degrau a ser observada por 3 homens com um sorriso sarcástico.

Damn.

Como diz o outro... Os senhores das obras podiam pôr uma tábua de madeira à nossa porta para passarmos por cima dela até à estrada, evitando assim enfiar os pés no cimento fresco? Poder podiam, mas não era a mesma coisa.

Claro que eu, para não dar parte fraca:


E, alegremente, saltei até ao outro lado do passeio, sem contar que a porcaria da pedra estivesse toda besuntada de uma coisa qualquer que se põe para não ficar cheia de cimento também.

E foi assim... mini ataque cardíaco.

A recuperar da coisa,

K.
[Kátia Vanessa para o pessoal daqui da rua]

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